domingo, 10 de dezembro de 2017

O símbolo das eras

(poema premiado no concurso Flávio Ferrarini, promovido pela prefeitura de Flores da Cunha)

Dionísio
Do ventre de Sêmele
O Deus dos deuses da antiga civilização grega fez surgir
Salvando da ira de Hera
Seu tão ilustre rebento
Que no mundo mitológico
Fez do vinho seu legado
O seu liquido sagrado
Que os amantes e os poetas inspirou
Desde os tempos tão remotos
Foi seu gosto que criou a arte
Arte de sentir, de expressar
Arte de amar
Sob um róseo cálice
Residem os desejos do homem
Escondido sob os braços de Dionísio
Todas as armas e sentidos
Que somente o profano líquido sagrado
Pode ofertar
Dionísio, deus do vinho
Tentador, inspirador, único
Que arde em um cálice cheio
Cheio de histórias para contar...
Bacco
Histórias se fundem sob o amargo gosto
De longe, das videiras, ele observa
Fertilizando a terra, adubando a alma
É Bacco quem os guia
Os homens de coração aberto
Que na antiga Roma fazem dos seus sentidos sua obra
Escarlate, o líquido brilha no cálice
Como elixir da alma
Dando-lhes a sensibilidade de se deixar amar
É Bacco quem os guia
Sob o reflexo do vinho
Dá gosto e adocica os dissabores da vida
Marcando a história daqueles que presenteiam seu paladar
E fazem de sua existência a pura expressão da arte
A arte de viver e amar...
Sagrado o líquido que inspira os poetas
E provoca os amantes
Profano é o deus que expressa
Na forma do vinho
A comprovação do seu poder sobre os homens
De fazê-los, a seu gosto
Sentir no âmago a forma mais selvagem de ser
Buscando no fundo do cálice
A cura de todas as dores
E o valioso segredo
De todos os amores...
Jesus
E dos grandes amores veio o símbolo maior
Aquele que perdura sobre todas as culturas
Mas que trouxe consigo a expressão mais antiga
Dos anseios apaixonados dos homens
O mártir sagrado
Que fez do vinho seu sangue
Do pão sua carne
Do amor seu legado
Jesus, o rei dos reis
Depositou seus ensinamentos no cálice sagrado
E no vinho faz-se vivo
O único ser humano símbolo das eras
De carne, osso e coração
Ensina que em suas veias corre
O mesmo líquido que nos mais remotos tempos
Levavam ao paraíso amantes e poetas
E seu sangue permanecerá através dos tempos
Como símbolo de fé e amor
Como remédio para todas as dores
E ficará na história do homem
Como o banho de paixão
Que limpa a alma
Que constrói a vida
Que orienta o coração
E que passe a eternidade
Lá estará um cálice com o líquido sagrado
Guiando o destino da humanidade.