Nunca tive medo de envelhecer.
Talvez pareça estranho dizer isso em uma época que 33 anos
não é mais considerado “estar velha”. De fato, não é. Chego aos 33 anos um
tanto incrédula que eu, que há tão pouco tempo era só uma garotinha, já passei
dos 30. Mas passei.
Talvez o choque maior seja perceber que não cheguei aos 33
anos com a pompa adulta que imaginava quando era criança. Aquela maturidade
quase heroica de quem já sabe de tudo e usa o resto da vida apenas para
usufruir do conhecimento e das conquistas materiais.
Não, o meu mundo pós 30 é tão diferente disso que não raro
me vejo achando que tem algo errado na minha data de nascimento; devia ser pelo
menos uma década para frente.
Não sei de tudo. Não sei quase nada, aliás. Aquela máxima
dos grandes filósofos e os velhos clichês de quanto mais a gente aprende, mais a
gente sabe que tem muito mais o que aprender é a pura verdade. Cada novo livro
que leio, cada nova pessoa com quem converso, percebo que se abre todo um novo
e desconhecido universo diante dos meus olhos. Isso é mágico, eu não imaginei
que seria assim.
Não me frustra perceber que não sou a mulher madura,
sabichona e bem sucedida que imaginei que seria aos 33. Me alegra que pela
nossa atual expectativa de vida, 33 é super pouco. Não tenho a ilusão de que
chegarei no fim da vida – caso eu venha a partir de velhice – sabendo tudo o
que quero saber, mas talvez a graça da vida é exatamente isso – perseguir o
conhecimento; quando se adquire um novo, se descobre uma possibilidade nova
antes desconhecida, e assim sucessivamente.
Também não me importo que eu não seja aquela mulher centrada
que fantasiei. Sei falar sério, as vezes até mais do que gostaria, mas sei
brincar, sei resgatar as coisas boas da infância e soltar gargalhadas gostosas,
e fazer os outros rirem. Isso também faz a vida mais leve.
Talvez a única coisa que me incomoda um pouco é o ser “bem
sucedida”. Não rolou. Cheguei num ápice profissional anos atrás, mas a coisa se
perdeu. Estou recomeçando, basicamente do zero. Não que isso seja ruim ou
trágico – eu poderia não ter a chance do recomeço – mas me ver sendo obrigada a
me reinventar justamente na fase que acreditei de coração que colheria frutos
dos esforços da juventude foi um desafio e tanto.
Porém, não ouso reclamar, tudo isso me deu sim mais
experiência e maturidade que hoje converto em literatura.
Chego aos 33 anos com a certeza de que hoje sou melhor do
que aos 23, mas que estou apenas num pedaço do caminho para ser a Maya que
serei aos 63.
E que venha o próximo degrau dessa escada.