Em
março de 2016 dei voz e espaço à Leandra. Cedi a ela meu corpo, minha alma,
minha essência e meu tempo. Através das minhas mãos, Leandra contou sua
história, expôs suas dores e vai levar, tão logo o livro estiver publicado,
cada leitor para dentro de sua alma.
Mas
Leandra é fruto de uma realidade que não conheço em sua totalidade; conheço
alguns de seus traumas – um ou outro foi baseado em minhas próprias vivências –
mas desconheço, por exemplo, o peso do racismo e da sexualização do corpo
baseado na cor da minha pele.
Por
isso, antes de publicar, busquei alguém que pudesse ver Leandra pelo seu
recorte racial. Já de imediato três nomes me vieram à mente para avaliar e
avalizar minha obra: Djamila Ribeiro, Jarid Arraes e Stephanie Ribeiro. Dessas
três mulheres incríveis cuja admiração me transborda, oficializei o convite à
Jarid, cordelista com vasta experiência poética e, portanto, em total sintonia
com o livro uma vez que Histórias de Minha Morte tem o drama poético em suas
veias.
Djamila
e Stephanie não foram preteridas e fiz questão de cita-las na obra, mas
infelizmente, por questões técnicas, eu só poderia incluir uma delas como prefaciadora.
Jarid aceitou prontamente.
O envio
foi tenso. E se ela não gostar? E se eu não soube dar de fato voz à Leandra? E
se certas passagens ficaram pesadas demais? E se não fui fiel à realidade que
só conheço pelos inúmeros relatos que ouvi e observei a vida inteira? E se? E
se?
Jarid
amou.
De
cara, acompanhei parte da leitura com comentários que Jarid me fazia no chat do
facebook e me sentia, toda vez, profundamente emocionada. Até que veio o
prefácio e eu chorei. Chorei pelas palavras de Jarid, chorei pela sensibilidade
de Jarid, chorei pela sensação de dever cumprido, de missão realizada. Chorei
porque a toquei profundamente e é exatamente essa minha missão na literatura.
Chorei
porque Leandra me sugou por completo (meu melhor amigo não curte muito falar
sobre o livro por achar que ele meio que me... diluiu) e todo esforço, toda
luta, todo sofrimento pelos 70 dias de angústia pós resultado do edital estava
valendo a pena. Continua valendo, vai valer cada vez mais.
Para
quem não conhece, Jarid Arraes:
- Nascida em Juazeiro do Norte, na região do Cariri (CE)
- Cordelista com mais de 60 títulos publicados
- Autora da coleção de Cordel “Heroínas Negras na História
do Brasil
- Autora de publicações de cunho anti-racista em parceria
com a Artigo 19 e o Think Olga
- Criadora da “Terapia Escrita”, um serviço terapêutico com
expressão pela escrita
- Mediadora do Clube da Escrita para Mulheres e do Clube de
Leitura Independente, em São Paulo
- Autora da obra “As Lendas de Dandara”, uma coletânea de
contos baseados na vida real da guerreira negra Dandara dos Palmares,
companheira de Zumbi dos Palmares.
Antes
de encerrar, gostaria de dizer que Jarid é um exemplo de escritora e pessoa;
que muito antes sequer de Leandra existir, ela me estendeu a mão em momentos
difíceis e se tornou referência na minha vida.
Tê-la
como prefaciadora de Histórias de Minha Morte me dá uma emoção que não cabe em
palavras.
Muito
obrigada, Jarid, por ser essa pessoa iluminada, essa escritora brilhante e por
ter entrado nesse projeto engrandecendo ainda mais minha obra. Leandra nos
manterá unidas para sempre!
Visite o site da Jarid! https://jaridarraes.com/